FRANCISCA FERNANDES DO NASCIMENTO, mais tarde conhecida MÁRTIR FRANCISCA. Descendente de uma das famílias mais importantes da região Oeste do Rio Grande do Norte. Era filha legitima de Tertuliano Moreira do Nascimento e de Francisca do Nascimento – mais tarde Mãe Santa. Nasceu aos 13 de setembro de 1914. Na intimidade era conhecida como CHIQUINHA, um apelido de infância. No pacato lugar chamado Sítio Braz, não se sabia que o mundo estava experimentando os primeiros efeitos da primeira guerra mundial, que começava naquele ano para terminar em 1919. O sítio era município de Alexandria, Rio Grande do Norte, hoje Tenente Ananias. O casal tinha nove filhos e Francisca era a mais nova. Eram camponeses reconhecidamente católicos, matendo todo o respeito que a religião ditava na época.
Batizou-se Francisca
apenas três dias de nascida, 21 de setembro de 1914, na capela de São Sebastião,
do povoado denominado de Sousa, na Paraíba. Era a capela mais próxima onde a
família participava de atos religiosos e
tinha devoção a São Sebastião, o batismo naquela igreja foi oficiado pelo
cônego Bernardino Vieira da Silva, servindo como padrinho o casal Ananias Gomes
da Silveira e Josefa Maria de Jesus
Crescendo no dia-a-dia Francisca mantinha hábitos religiosos que eram
orientados pelos pais. Uma garota de vida comum e dedicação aos serviços de
casa, para ajudar a mãe. Tudo era como uma orientação quando surge a solenidade
da crisma, que ela recebeu na Igreja Matriz de Santana, Luís Gomes, Rio Grande
do Norte, durante a visita pastoral de S. Excia, o bispo Dom José Pereira
Alves, de 8 a 14 de setembro de 1925. Foi sua madrinha de crisma a senhora Ana Martins
Vieira. Preparada com as orações e normas do catecismo, Francisca fez sua
primeira comunhão na mesma data, contando assim com 11 anos de idade,
Segundo sua mãe, em depoimento a Adolfo Paulino, foi esta a
única vez que se aproximou do banquete eucarístico, pois, residindo na zona
rural, em ambiente de pobreza, uma certa ignorância e árduos trabalhos, numa
região desprovida de meios de transporte e vias de comunicação, com a
assiduidade que desejam, dos inestimáveis tesouros espirituais que a religião
católica proporcionava as seus fieis através dos sacramentos, como a confissão,
comunhão, assistência e à missa, etc.
Um diretor espiritual na época era uma raridade. Mesmo sem
essa presença, e morando num meio rústico, Francisca portava-se como uma
verdadeira serva de Deus, partindo da obediência aos pais, aos superiores,
revelando-se uma trabalhadora honesta, dedicada e virtuosa. Era uma filha
dedicada e estimada pelos pais, que afirmavam constantemente a excelente
conduta moral e religiosa da filha. O gosto pela oração diária era conhecido
DO ASSASSINATO
Na tarde fatídica de uma segunda feira, 18 de setembro de
1933, precisamente às 17 horas (cinco da tarde), dirigia Francisca ao roçado de
Mãe Santa (sua mãe, pois o seu pai já não existia), a fim de tirar os jerimuns,
que depois seriam transportados por seu irmão. Levava consigo uma vasilha para,
de volta, como de costumes, trazer um caminho de água. Estava a inocente moça
colhendo os jerimuns tranquilamente quando dela se aproximou seu primo João
Olinto do Nascimento, que lhe convida para ir com ele ver a plantação de
batatas. Lá chegando, João Olinto tentou, por meios pacíficos, seduzi-la.
Repelido energicamente pela virgem-mártir, o criminoso, vendo frestado o seu
intento, lança mão de uma foice e desfere violento golpe sobre a cabeça de
Francisca, prostando-a por terra, banhada em sangue.
Terminada a luta em que a moça se debatera para salvar-se de
tão dramática situação, mas que lhe fora impossível dada a violência e o
instinto bestial do agressor, Francisca jazia morta nas proximidades de um poço
de água do Rio São Braz, onde teve lugar a tragédia com quatro profundos golpes
de foice dado na cabeça, o pescoço quebrado, três dedos de uma mão cortados e
marcas de unhas, arranhões e manchas em várias partes do corpo. Após o crime, o
sádico assassino apanha o corpo da Mártir e coloca-a dentro do aludido poço com
uma estaca por cima, a fim de que ficasse submerso.
Depois de seis horas da tarde, vendo que Francisca não
voltava, a família começou a se inquietar. Iniciou-se então a sua procura
durante toda a noite, tomando parte da mesma não só a sua família e vizinhança,
mas também o próprio criminoso, que cinicamente demonstrava o maior empenho de
desvendar o mistério. Foi ininterrupta a atividade desenvolvida pelos
habitantes daquela região no decurso da noite com a finalidade de encontrar
Francisca. Munido de lamparinas, fachos, a população cruzava roçados, matas,
capoeiras e serras na suposição de que a vítima tivesse sido acometida de um súbito ou ainda, tivesse se perdido naquelas
paragens. Tudo sem explicação.
Mae Santa contava repetidas vezes à minha mãe que ninguém descreve
a angústia daquela noite, dentro de tantas dúvidas. Parecia não mais terminar.
O coração de mãe dava palpites diversos, menos de um tipo de agressão como
aquela sofrido
Somente às seis horas da manhã doa dia seguinte foi o corpo
de Francisca encontrado por José Moreira Pinto e Teofanis Bulangui, no poço já
mencionado, conhecido pela denominação de POÇO DA INGAZEIRA. Dali retiraram-no
para a casa de Mãe Santa, sua mãe, e depois para a hoje cidade de Alexandria,
naquele tempo Vila de João Pessoa, onde foi sepultado no cemitério daquela
cidade, cerca de meia noite do dia 19 de dezembro de 1933, após lavratura do
auto do corpo de delito
Essa é a igrejinha de MÁRIR FRANCISCA, situado próximo ao açude de Tenente Ananias
FONTE – LIVRO MÁRTIR FRANCISCA – A VIRGEM DE NOSSOS TEMPOS, DE JOÃO BOSCO QUEIROZ FERNANDES
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